Com novas tarifas sobre aço e etanol, governo Lula busca negociações para evitar prejuízos ao agronegócio e à indústria nacional.
O governo brasileiro está em estado de alerta diante da nova política tarifária dos Estados Unidos, que pode impactar diretamente setores estratégicos da economia nacional. A proposta inicial, que ainda precisa ser apreciada pela Câmara dos Deputados, visava responder a barreiras ambientais impostas pela União Europeia ao agronegócio brasileiro. No entanto, com a decisão dos EUA de impor novas tarifas, a questão ganhou ainda mais destaque, unindo diferentes setores do Congresso e do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Tarifas sobre aço e alumínio preocupam
A maior preocupação até o momento está na decisão do governo norte-americano de aplicar, a partir de 12 de março, uma tarifa de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio. Esse impacto é significativo para o Brasil, uma vez que esses produtos representam a segunda maior categoria de exportação brasileira para os EUA, totalizando US$ 2,8 bilhões em vendas em 2024. O único produto que supera esse montante é o petróleo, com US$ 5,8 bilhões exportados no mesmo período.
Especialistas alertam que essa medida pode prejudicar não apenas a economia brasileira, mas também a indústria americana, que depende desses insumos. Empresas do setor já manifestaram preocupação sobre o aumento dos custos de produção nos EUA.
Taxação do etanol brasileiro
Outra questão que levanta preocupações é a taxa sobre o etanol brasileiro. Atualmente, o imposto cobrado pelos EUA sobre o produto é de 2,5%, mas há a previsão de que essa alíquota suba para 18% a partir de 2 de abril. A medida busca igualar a taxa aplicada pelo Brasil sobre o etanol importado dos Estados Unidos. Apesar de o etanol não estar entre os principais produtos da pauta exportadora brasileira, essa mudança pode afetar produtores nacionais.
Brasil busca diálogo, mas não descarta retaliação
O governo Lula tem trabalhado para evitar que as novas tarifas entrem em vigor. Paralelamente, negociações estão sendo conduzidas para que o Brasil seja poupado de um tarifaço mais amplo. No entanto, o cenário é incerto.
Diante das dificuldades, o presidente Lula já mencionou que, caso o diálogo não traga resultados positivos, o Brasil poderá levar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC) ou até mesmo adotar medidas retaliatórias contra os Estados Unidos.
“Antes de fazer a briga da reciprocidade, ou de fazer a briga na Organização Mundial do Comércio, a gente quer gastar todas as palavras que estão no nosso dicionário para fazer um livre comércio com os Estados Unidos”, declarou Lula durante sua viagem oficial ao Vietnã no dia 29 de março.
O cenário global permanece instável, e a resposta brasileira às tarifas impostas pelos EUA será fundamental para definir os rumos das relações comerciais entre os dois países nos próximos meses.
Fonte original: G1 – Economia